Condicionar para ter vontades

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Porque praticamos o quê praticamos? Seria o exercício ou o esporte uma escolha pessoal apenas, ou um efeito do contexto em que o vivemos?

Eu diria que um pouco dos dois. Acabamos por escolher aquela atividade a que temos acesso, e mantemos a prática se houver infraestrutura básica, e se encontrarmos meios de leva-la mesmo que por fases menos ativas. 

Essa identificação com o movimento só parte da prática. Aquilo que conseguimos reconhecer, quer seja um desconforto ou uma boa sensação, é resultado da experiência. 

Posso descrever com muitos detalhes as sensações esquisitas de uma subida quando corro a pé, da respiração curta à queimação das coxas, mas nem essa descrição nem a da delícia de alcançar o topo, descansar as pernas no plano ou solta-las na descida, vão fazer tanto sentido quanto já ter vivido isso. 

Para que a prática não se torne apenas uma obrigação automatizada, porque faz bem, porque foi recomendada, mas seja um meio de prazer, precisamos fazer um pouco dela sempre, dar tempo para o corpo se adaptar à ela, a vida se adaptar à rotina, até que isso os torne íntimos e seguros para alcançar outros lugares nessa relação. 

Depois de um ano de prática ininterrupta de uma atividade de sua preferência, o que muda além de seu fôlego, força e corpo, são as perguntas que se faz, e as respostas que dá. Se no começo dessa empreitada se pergunta e duvida "será que...", passado um ano, o mais comum é que essa pergunta ceda lugar para um plano onde a atividade esteja inserida, algo como "te vejo no parque!" não importa se 2 ou 7km, ou "vamos pedalando até lá" com subidas e tudo, ou ainda "depois que voltar da piscina...". 

Nem que eu fosse capaz de descrever as nuances de um movimento feito Proust, conseguiria detalhar as fases de adaptação do que se passa em um ano de prática, tem que ver para crer, então se identificar e ter vontade de fazer. 

Faça uma leitura atenta do seu meio e possibilidades de práticas, adote uma que te ajude nesse caminho, e vá em frente. Se já está nesse processo, continue aí, pois vale a pena.